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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Casa de Barro.


Do lado direito eu vejo tudo que sou

Do lado Esquerdo o lixo que as pessoas deixaram para eu viver

Em cima eu vejo tudo aquilo que eu sonho, e embaixo, todas as pessoas que me tentaram derrubar.

Para trás só vejo meus fatos consumados, meus Destinos Mudados, meus Desejos realizados.

CONFORME minhas próprias vontades e figurações.

Entre as paredes da sala vejo apenas a sombra do retrato tirado , no qual ficou marcado a área empoeirada. Chego perto do corredor onde tudo está escuro, onde aquela porta que me dava acesso a vida estava trancada, onde não haviam mais maçanetas nem Tranca, nem nada.

Foi quando eu virei para o quarto secreto, e tentei abrir com a força dos meus pensamentos, sem utilizar as mãos, apenas desejando, apenas querendo, apenas sendo.

Qualquer coisa que seja, meu telhado é de vidro. De qualquer forma eu sou apenas mais um habitante de uma casa sem graça, sem nada, amarelada com o tempo.

De baixo para cima olho as teias de aranha que recobre todo o pé direito da cozinha, as panelas enferrujadas, o fogão a lenha sem lenha a ser queimada, ou então no quintal o menino sentado ao lado da piscina sem água.

Faz de conta, mesmo que seja verdade, faça de Conta. Não pode ser tarde demais, nem muito cedo. Tem que ser apenas no tempo real e certo para saber até onde ir. No banheiro, não sei, jamais tive coragem de entrar, eu fazia minhas necessidades aqui mesmo, na lata de tinta vazia e suja. Minha alma estava suja, eu estava sujo, minha vida parecia estar no fim. Eu mesmo que de mentira desenhei em um papel de pão com um pedaço velho de carvão usado no fogão para desenhar um rosto, um rosto que eu não conhecia, mas que mexia comigo, afinal, eu sabia quem era, só não tinha coragem de admitir, o desenho me mostrou de como as coisas estavam, de como tudo era tão simples e eu jamais tive coragem de aceitar.

Foi vivendo de maneira primitiva que fui conquistando aos poucos a vontade de olhar no espelho, de conhecer o rosto daquele papel velho.

Foram com formas cínicas e ousadas que descobri um rosto totalmente diferente do que eu havia pensado sobre mim mesmo.

Foram com cores incolores que pintei meu auto-retrato para o mundo, foi onde me tranquei para o resto da vizinhança, foi onde eu quis saber de como seria um mundo mais colorido e com formas diferentes das que eu estava acostumado.

Foi apenas em um dia de sol, que ví um feixo de luz varado ao telhado velho e embolorado. Foi quando eu me posicionei no mesmo circulo de luz transpassado de fora para dentro e pude perceber que enfim, meu mundo poderia ter luz e eu poderia estar em meio dela, que era eu apenas sair. Que era apenas eu abrir as portas para que os outros pudessem ver que eu estava em casa que eu também fazia parte daquele mundo onde tinha abandonado desde o primeiro choro. Foi chorando sozinho que aprendi fazer companhia para minha solidão, foi onde que eu num estalo audacioso que enfim, o homem primitivo se revelou um civil urbanizado, um ser inteligente e um poeta rústico e doce, foi com pelos e apelos que no mesmo papel de pão que desenhei minha face que escrevi uma história diferente de todos, foi no mesmo papel de pão com a mesma pedra de carvão que eu o poeta rústico me apresentei ao mundo e a mim mesmo. Foi ousando e foi diferenciando minha vida, foi querendo realmente ser quem eu realmente sou, foi ditando as regras foi tocando os corações, foi fazendo parte da vida de cada um, foi vivendo, foi escrevendo, fui sendo e fui sendo...E eu SOU!

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