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terça-feira, 11 de maio de 2010

Doma Loira



Domo como égua xucra,
Domo homem no laço apertado
Domo a vida na ponta da bota
Domo lombo de boi brabo
Devagar chego no longe, na espora de bronze do meu chapéu de Rodeio.
Cinturão preso na calça guarda meu canivete afiado a linha de ouro.
Brasão da roça no peito, estrela de montadora da Tropa de Couro do amigo fazendeiro. Da roça tiro o sustento dos filhos que o peão de rodeio um dia me deixou na mão.
Com bravura de Cabra Homem, vou seguindo fazendo meu nome no horizonte do sertão.
A todo lado que olho, vejo fome, vejo sede, vejo sangue, vejo homem vejo mulher, vejo uma criança carente de pai e de mãe.
Por onde a ferradura de meu cavalo Breu passava deixava marca dessa Guerreira de Sela que na vida luta todos os dias pro cavalo deixar Estampilhado.
O brilho da minha fivela reflete os cabelos louros dessa donzela do peito de aço.
Batom no rosto vermelho cor de Rubi, pele mal tratada, ouço cantos das Juritis. Sigo em frente, nunca arreio sou filha de fazendeiro domador de boi encarnado.
Meu pai foi Domador, minha mãe dona de casa, faço tudo que faço, a lembrança está guardada das duas pessoas que mais amava que o boi encarnado matou.
Quando passo pela porteira, rezo uma AVE-MARIA, mãe de Deus Nossa Senhora, ouça meu pedido agora, me dê proteção em meio a tanta poeira.
Saio tocando meu gado, simples, fardada com o uniforme sertanejo no coração do sertão abandonado.
Sou sozinha, o meu filho é doutor, o homem que lhe gerou, se espantou e se mandou.
Sou sozinha, sou filha única, sou órfã, sou sertaneja, toco berrante e viola, pra poeira do horizonte não virar barro em minha face molhada.
Se homem quer me enfrentar, saco o facão amolado em lixa quente.
A Deus sou Temerosa, vou na capela todo domingo, na cruz do estradão me curvo, em memória de meus pais, que por amor ao sertão, foi levado sem dó nem piedade.
À Padroeira do Sertanejo ouça com todo cuidado ao pedido que lhe faço agora: - Olhai todos os peões de Rodeios, olhai todos os chefes de companhia, olhai as crianças do sertão que chora, olhai ao mundo, aos filhos de Deus, olhai Mãe Graciosa, para as patas de meu cavalo, para que com ele, eu possa lutar pelo meus irmãos boadeiros.

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